Um cantinho um violão!

" Este amor, uma canção. Pra fazer feliz a quem se ama. Muita calma pra pensar. E ter tempo pra sonhar. Da janela vê-se o corcovado, o redentor que lindo! Quero a vida sempre assim com você perto de mim até o apagar da velha chama. E eu que era triste, descrente desse mundo, ao encontrar você eu conheci, o que é felicidade meu amor." (tom jobim)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Metade.

Sou sempre a metade. E você também é. Por natureza incompleto.Somos todos mendigando o que não nos sustenta. O choro é a birra de que não aceitamos estar sempre a procura. A euforia ansiosa que temos é a súplica por razão e existência. É como se nosso corpo fosse metade oco e precisasse enchimento. Como se tivéssemos uma perna só e corresse com ela em busca da outra. Fazemos ronda querendo incansávelmente encontrar amor, sexo, poder, admiração, poder, exibição, para que possamos nos sentir inteiro. Olhamos o outro com intensão de entrar no seu íntimo a acaba-se por achar nós mesmos. E sozinhos.Abrimos a boca com um largo sorriso a espera que alguém nos faça rir.Fazemos graça ao público para encontrar graça no algo. Fazemos juras eternas e apaixonadas tentando esquecer de toda a ausência desesperada.Sempre se quer agradar a todos fazendo o outro se sentir o que nós mesmo não somos e queremos ser. Depositamos em nosso caro companheiro  as nossas vontades crendo que nele existe as virtudes que cobiçamos. Com beijos, abraços, amassos, suores e toques executamos no outro nosso pedido de colo. Criamos fórmulas e respostas a tudo. Quando na verdade não sabemos nada. Entre contornos, vira-voltas e simulações tentamos disfarçar a metade que sempre se mostra intacta. Muitos nem se dão conta que são metades. Não se acham no direito de expressarem suas almas aflitas, encondendo suas metades a vida inteira. Acham  que assim é que deve ser. Existem pequenas doses de complenitude. Alguns segundos, minutos, raras são as horas.Na verdade nesses pequenos instantes criamos um anticorpo a ausência. Seria um remédio que ao ingerirmos fizessem esconder os sintomas da metade.Claro que o efeito é muito passageiro... No mais o que nos resta é sermos sempre o resto ou o começo de algo que não tem fim. Somos todos obras inacabadas.
(Meus fragmentos.)


"Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus"
(Chico Buauque)...se sentindo metade!

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